José Aristides da Silva Gamito*
Nas primeiras décadas do século XIX, toda a extensão ao longo do Paraíba do Sul até o rio Doce, o sudeste de Minas Gerais e o sul do Espírito, eram povoados pelos índios puris. Essa região passou a ser interesse dos colonos somente com o fim do ciclo do ouro. As pessoas partiram da região mineradora para a Zona da Mata explorando as florestas, e posteriormente, dedicando-se à atividade agrícola, sendo o maior destaque a cafeicultura. As riquezas dessa atividade econômica levaram o município de Manhuaçu a se tornar uma república independente em 1896.
Vermelho Velho tem sua origem nesse processo de expansão. Em 1831, o explorador José Alves do Valle e sua família em busca de terras férteis chegaram até a Fazenda do Boachá. Segundo a tradição oral, em Vermelho Velho, onde se situava a antiga estação ferroviária havia uma aldeia indígena. José Alves fez amizade com esses indígenas e acabou dominando suas terras. Essa tribo foi dizimada pelo sarampo. A partir deste primeiro núcleo de povoamento a vila surgiu e se tornou distrito em 1856. Os nomes originais eram Ribeirão Vermelho, Freguesia de São Francisco do Vermelho.
A tradição oral assegura também que o nome foi dado em razão de o ribeirão apresentar terra vermelha em suas margens. Durante o seu período de desenvolvimento Vermelho Velho pertenceu a vários municípios até a sua atual condição de integrante do município de Raul Soares. A vida dos primeiros habitantes era de muito sacrifício, a região ficava muito distante das cidades maiores. O transporte dos produtos, as novidades, o contato com a capital do Império, era tudo difícil.
A chegada da ferrovia possibilitou bastante o progresso da região. Vermelho Velho se destacou na sua época de grande produção de café e cereais. O entusiasmo foi tão grande que em 1947 o padre Antônio Braga iniciou o processo de emancipação e que acabou não se concretizando por divergências políticas. O declínio só veio mais tarde com o êxodo rural na década de 70. Crimes políticos, intrigas, cangaço, pontos positivos e negativos marcaram a história dessa vila que parou no tempo.
Dois vermelhenses, eu, José Aristides da Silva Gamito, e José Alves Frutuoso, estamos nos preparando para publicar o livro “Vermelho Velho: Memórias e Perspectivas”. A obra contará e recontará a história desse povo que teve que enfrentar muitas dificuldades políticas e financeiras para atualmente se orgulhar de seu passado. Neste artigo, fica a pré-degustação da pesquisa que realizamos.
*Filósofo, teólogo e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.